quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Postado às 11:29 por Sarah Fuidio em    7 comentários
Olá, gente!
Hoje venho contar minha experiência de ontem em Olopa, Guatemala.

  Acordamos 5 horas da manhã para pegar a estrada em direção à Guatemala. Ainda estava escuro e como a maioria das estradas aqui não tem iluminação, deu um medinho básico.
Aos poucos foi ficando claro e, arranhando meu espanhol, expliquei algumas coisas do Japão para um colega de trabalho de meus pais e um universitário que está fazendo estágio na Mancomunidade (lugar que meus pais trabalham) para concluir sua tese, tudo isso em uma garupa de uma caminhonete.

Depois de duas horas de viagem subindo e descendo montanhas, chegamos no local "perto" de nosso destino. Tivemos que andar mais de meia hora até a aldeia pois o carro não consegue passar pela estrada de terra cheia de pedras e barrancos. Lá não tem água e nem força elétrica.

Chegando no salão onde a aula seria dada, mais ou menos dez pessoas já estavam esperando, abrindo um sorriso ao ver os professores e algumas delas encolhendo para esconder a tarefa que estava sendo terminada, pois não tiveram tempo de fazê-la por causa dos filhos ou da colheita de café.

As aulas começam e os 28 alunos de 23 à mais ou menos 70 anos dizem o abecedário e vão individualmente fazer a prova sobre o mesmo. Muitos sabem letras sozinhas, outros sabem ler palavras soltas e outros não sabem nada. "Eu conheço essas letras e não consigo ler elas juntas. Eu gostaria de saber ler". Eu, acompanhando tudo do lado, escuto histórias sobre a morte dos filhos e abandono dos maridos. Mesmo tendo acompanhada desde pequena atividades no Sem Terra e ter feito vários trabalhos voluntários, me assustei com a situação do pessoal. O cheiro condena os dias ou semanas sem banho, as crianças com roupas cheias de terra se divertem com cachorros imundos e de novo, penso: "Quem sou eu?".

Ensinando sobre saúde, meus pais perguntam: "Quando seu filho estiver cabisbaixo, sem vontade de brincar, quietinho, o que vocês tem que fazer?" "Mandar para o banho!", pois muitos adultos nunca foram ao médico e outras não levam  seus filhos desnutridos para tratamento por medo de quando voltarem, o marido ter as deixado com cinco ou mais filhos para criar.

Ao lado do salão tem seis tanques 'comunitários' para lavar roupa. No caminho também tem uma escola de primário sem água, as crianças que tem o dever de ir buscá-la com seus 'vasos' na quebrada próxima, que é um córrego quase seco.

Na volta, passamos em um 'comedor', que seria um restaurante. O restaurante não acende as luzes durante o dia e comemos no escuro. Como em todo lugar, Guatemala tem seu lado pobre e seu lado rico. Voltando da aldeia ao entardecer, passamos em um hotel com piscina e um lindo salão para um reunião e, me sentindo culpada, comi um hambúrguer com batatas fritas.

7 comentários:

  1. Sarah se eu tivesse no seu lugar eu ia sair dai pensando assim nunca vou reclamar de uma comida ruim, de uma roupa feia, de um sapato desconfortável, de um chuveiro queimado porque queimou quando eu tava toda cheia de sabão .. etal porque tem pessoas não tem nem uma cama para dormi. Bom é isso que eu acho sairia assim.

    ResponderExcluir
  2. Estou adorando vc postar tdo e com detalhes sobre Guatemala^^Mas seria melhor ainda se vc tirasse fotos p/mostrar a realidade desse povo sofrido.
    Tem muitos q deveria ser voluntário p/ ter o choque da realidade em muitos lugares p/ dá graças a Deus q vc tem Aguá,comida etc mas vive reclamando da vida e tdo e nunca esta satisfeito com oq se tem...Muito bom msm sua aventura\(^o^)/

    ResponderExcluir
  3. É... a gente reclama mas a verdade é que tem muita gente em situação beem pior que a nossa e nem precisa ir muito longe no próprio Brasil tem muita desigualdade. Estou gostando muito desses posts, Boa sorte!

    ResponderExcluir
  4. Sarah, como que é exatamente o trabalho de seus pais? ou melhor para quem eles trabalham? Achei emocionante a forma sensível que você está nos passando o que acontece, afinal, apesar de conhecer, ou já ter visto pessoas nessa situação, ainda se emociona com isso.
    Lindo o trabalho de seus pais, não sei se todos, mas meu sonho é poder ajudar a outros de forma tão maravilhosa assim.

    ResponderExcluir
  5. Bem, eu morei durante um ano na Guatemala e conheço bem a situação. Durante minha estadia na cidade de Morales, perto do Lago de Izabal, conheci seja a realidade rica quanto a pobre do povo guatemalteco. Tristemente o lugar era dominado pelo trafico e em consequência pelos traficantes. As ruas eram todas de terra, poucas eram asfaltadas, assim como a água chegava pra poucas e pessoas e também a luz elétrica. Muitos garotos tinham que deixar de ir a escola pra conseguirem ajudar a manter a família, idem pras garotas. Mesmo com todos esses problemas, o povo parecia feliz e continuavam com a cabeça erguida. Foi uma ótima experiencia na minha vida, mesmo tendo feito parte da classe alta da Guatemala eu sinto que aprendi muitas coisas que vou levar pra sempre.

    ResponderExcluir
  6. qual os estilos de música que mais se escuta no japão??

    ResponderExcluir